Eu caminhava pela chuva envolvendo firmemente os braços ao meu redor, novamente nos mudamos, esse foi a sexta vez em 2 anos, a mochila balançava a minha volta, uma escola nova, uma casa nova, e para os meus pais mais uma tentativa de fazer com que os outros pensem que sou normal, de todos os lugares que passamos esse ira ser mais um decepção para eles, eu não era o que pediram, a verdade é que eles não se importam comigo desde que eu não estrague a família, meus tênis esguichavam água.
A escola, uma construção áspera logo a frente estava com o estacionamento cheio de carros, subi as escadas procurando chegar ao topo o sem chamar atenção, o que era um feito quase impossível em uma cidadezinha de 697 habitantes onde todos se conheciam, o capuz do meu casaco preto simples escondia meu rosto pálido, essa manhã acordei cedo para não ter que repetir mais uma cena onde mamãe dizia que não estragasse tudo, não me lembro quanto tempo fiquei vagando antes de chegar aqui, mas agora não avia escapatória tinha que entrar e sentar em uma sala minúscula com outras 20 pessoas, andei por um corredor com diversos armários de metal olhando de porta em porta procurando a sala da secretaria , quando finalmente a encontrei era composta por um balcão, um quadro de avisos e pinhas de papel, atrás disso tudo uma mulher com olhos de tartaruga em um velho computador branco , quando me viu simplesmente assinalou uma pinha ....ia ser um longo ano.
Assim que pisei na sala de aula senti a familiar descarga de energia, parei no alpendre da porta, eu tinha uma visão periférica de tudo, carteiras simples organizadas em filas, um quadro, cartazes espalhados pela parede,a luz fluorescente branca dava ao ambiente uma expressão estéril, as janelas ancoradas no lado esquerdo tinham vista pra um campo de futebol, aos poucos o silêncio surgiu, ótimo mais uma vez eu era uma aberração , passei entre as filas de estudantes amontoados em grupos sem erguer a vista do chão, eu não sou tímida somente procuro manter uma distancia por isso sentei na ultima carteira do fundo, o silencio deu lugar a cochichos, eu podia imaginar o que eles virão, uma garota molhada de capuz negro pele anormalmente pálida olhos e cabelos escuros, um estranha que se sentou na sala, suspirei mentalmente peguei lentamente minha mochila depositando-a aos meu pés, me senti velha e cansada no meio de um monte de crianças, mal tive tempo de me acomodar e o sinal tocou, uma campainha irritante, a porta da sala se abriu e um homem vestido com uma camisa laranja formal enfiada nas calças entrou, ele carregava uma maleta e um monte de papeis, presumi que esse fosse o professor,sua cara, angulosa coberta por uma barba curta,olhos azuis entrecerrados, observava os alunos como um falcão, assim que seu olhar pousou em mim um misto de surpresa e reconhecimento se espalhou por sua face para ser logo substituído por uma carranca quando percebeu o meu estado, pelo menos não estava coberta de terra o que era um avanço.
Ele sentou-se à mesa e a turma ficou em silencio.
CONTINUA...